Fluidos vaginais
Chamamos às vezes de corrimento vaginal, secreção vaginal…corrimento. Mas quando realmente devo me preocupar?
Antes de mais nada, é preciso saber que nós mulheres possuímos uma secreção vaginal fisiológica que pode variar de intensidade de acordo com influências hormonais (fase do ciclo menstrual, uso de hormônios, gravidez), orgânicas (excitação sexual) e psicológicas.
É completamente normal, principalmente nas mulheres que estão em idade fértil. A sua função é basicamente é:
- Umedecer
- Lubrificar
- Manter a vagina limpa aumentando a sua resistência contra infecções.
Por ser incitado pelo estrogênio, o volume do corrimento fisiológico pode ser maior nos períodos em que o estímulo hormonal é maior, como na gravidez; durante o uso de anticoncepcionais à base deste hormônio; no meio do ciclo menstrual e dias antes da ovulação ou da menstruação.
Características do corrimento: espesso, aquoso ou elástico, de cor branca, leitosa ou transparente e inodoro, no máximo com um odor suave.
Aproveite para notar o cheiro da sua ppk nos diferentes momentos…assim você poderá descobrir qual é o seu!
- A flora vaginal constitui um dos mais importantes meios de defesa do trato genital feminino
Com o intuito de proteção da invasão de agentes patológicos, existe uma microflora vaginal que mantém o meio saudável e impede a proliferação de agentes. Associada aos componentes da imunidade inata e adquirida, a flora vaginal constitui um dos mais importantes meios de defesa do trato genital feminino.
Vale reforçar, todavia, que a composição da flora vaginal não é constante e que este ecossistema é mutável temporalmente ao longo da vida. Ele sofre influência de fatores exógenos e endógenos.
Tais fatores incluem as variações dos níveis hormonais circulantes durante:
- fases do ciclo menstrual,
- gestacional,
- o uso de contraceptivos,
- a frequência de intercurso sexual,
- o uso de duchas ou produtos desodorantes,
- a utilização de antibióticos ou outras medicações com propriedades imunossupressoras.
Estas alterações da flora bacteriana vaginal podem aumentar ou diminuir as vantagens seletivas para micro-organismos específicos.
Os Lactobacilos, por exemplo, são bactérias predominantes na vagina. Eles desempenham um papel crucial na manutenção do pH vaginal ácido, o que previne a prevenção da proliferação excessiva de microorganismos potencialmente patogênicos.
De maneira geral, quando o equilíbrio da nossa flora vaginal se rompe, é quando ocorrem os processos inflamatórios e infecciosos, os quais são chamados de “vulvovaginites” ou corrimento vaginal como preconiza o Ministério da Saúde.
Fique atenta caso você note alterações das suas características fisiológicas, causando desconforto. Sintomas como coceira e odor fétido podem ser ocasionados por diferentes agentes etiológicos. Sendo definido cada caso de acordo com os sinais clínicos.
-
Vaginose bacteriana
A vaginose bacteriana é um desequilíbrio da flora vaginal. É caracterizado por uma diminuição dos lactobacilos e aumento de outras bactérias.
Sintomas: corrimento de intensidade variável, acompanhado de odor vaginal fétido (“odor de peixe”), com intensificação do cheiro na relação sexual e durante a menstruação.
Característica da secreção: Coloração esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada.
Obs: Nem sempre o corrimento nesta característica poderá ser vaginose bacteriana, para se diagnosticar é necessário uma consulta ginecológica para exame clínico.
- Candidíase
A candidíase é uma infecção fúngica comum, causada principalmente pelo fungo Candida albicans. Esse fungo naturalmente é encontrado no corpo, mas em condições normais não causam problemas.
No entanto, fatores como desequilíbrio hormonal, uso de antibióticos, diabetes não controlada, gravidez e sistema imunológico enfraquecido podem levar ao crescimento excessivo desse fungo, resultando em uma infecção.
A candidíase pode ser percebida por corrimento vaginal espesso branco, coceira intensa e irritação na área vaginal, vermelhidão e inchaço e dor durante a relação sexual ou ao urinar.
Hábitos alimentares e de vestimentas muito apertadas e que ‘’abafam’’ a região íntima propicia o crescimento contínuo dos fungos. Para melhora dos sintomas, consulte um profissional para o diagnóstico clínico.
Vale lembrar que para alívio dos sintomas, deixe a ppk respirar! Crie o hábito de utilizar calcinhas de algodão e ao dormir pode dormir sem calcinha!
Se você trabalha de calça o dia todo, prefira calças mais larguinhas.
- Tricomoníase
É uma infecção causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis que tem os seres humanos como únicos hospedeiros e nos homens costuma ser assintomáticos, enquanto nas mulheres quase sempre causam sintomas.
Sua transmissão ocorre através da relação sexual desprotegida.
Características da secreção: corrimento abundante, amarelado ou amarelo-esverdeado (mais comum), mal cheiroso e bolhoso.
Sintomas: São comuns os sintomas inflamatórios na vulva e na vagina, como: ardência, vermelhidão e edema vulvar e vaginal, prurido vulvar e, às vezes, dor ao iniciar a relação sexual. Em alguns casos pode acometer a uretra e bexiga e causar ainda dor ao urinar, aumento na frequência e volume urinário e dor em baixo ventre. O tratamento é feito com antifúngicos por via oral.
Vamos avaliar juntas? Sempre é importante ter em mente que você antes de mais ninguém se conhece. Não saia se automedicando sem saber, busque ajuda profissional para diagnóstico clínico e saiba falar sobre os seus sintomas, frequência e toda informação que julgar necessário.
Por exemplo, o corrimento amarelado nem sempre é um sinal de infecção, e para sabermos é preciso ser avaliado…Isso vai depender da tonalidade e se você tem outros sintomas. Um tom amarelado na secreção, mas sem outro sintomas, normalmente não é sinal de preocupação. Na verdade, uma secreção vaginal branca acaba amarelada depois que seca, especialmente se estiver em um protetor diário.
- Pepeka tem cheiro de PPK
Saber conhecer o cheiro da sua vulva, reconhecendo o que faz parte de você é de extrema importância para notar quando algo não está bem…É importante, observar, fazer anotações das suas mudanças e se caso surgir algo diferente buscar um profissional da saúde para atender suas necessidades.
Autor: Thayná Oliveira Paixão
Referências:
Linhares IM, Amaral RL, Robial R, Eleutério Junior J. Vaginites e vaginoses. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), 2018. (Protocolo Febrasgo – Ginecologia, nº 24/ Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas.
PÉREZ SAN MARTÍN, Pabla. Manual de introdução à Ginecologia Natural 3ª ed. São Paulo, SP: Nomear Cultura Criativa, 2023.
Brasil. Ministério da Saúde, Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022.211 p. : il.